quarta-feira, 6 de abril de 2011

Após ganhar Grammy, Arcade Fire quer ser o "próximo REM"

Dentre os cinco indicados ao Grammy de melhor disco de 2010, apenas um não tinha contrato com uma grande gravadora.
Nomes como Eminem, Lady Gaga e Katy Perry não tiveram chance contra "The Suburbs", álbum de uma banda com fama em apenas um circuito restrito de fãs.
O prêmio foi uma surpresa no meio musical e também para os vencedores, os canadenses do Arcade Fire.
"Não sei por que votaram em nós, mas estou feliz. Foi reconfortante saber que tantas pessoas da indústria em Nashville e Los Angeles, onde seja, estão nos ouvindo", disse à Folha Tom Kingsbury, baixista e guitarrista.
Em sua terra natal, a banda repetiu o sucesso e levou quatro Juno, o principal prêmio de música do país.
De sucesso no meio alternativo, o Arcade Fire passou a ser o "próximo U2" --ou R.E.M., como prefere Kingsbury: "Eles fizeram cinco discos respeitados de tamanho médio. Do nada, tiveram um hit, 'Losing My Religion', e ficaram [grandes]".
INDIE 'MAINSTREAM'
Em 2003 o Arcade Fire estreou com um EP ("Arcade Fire") que os alçou a promessa do rock. Viraram realidade a partir do primeiro disco, "Funeral" (2004).
Foi esse o disco que os trouxe ao Brasil, em 2005. Kingsbury diz que a banda tem apreço pelo país. "Nós gostamos daí. Depois da turnê ficamos em um resort perto do Rio por uma semana", afirmou o músico.
Outra referência é de um filme de 1959: "Quando eu era adolescente, assisti a 'Orfeu Negro'. A última cena, com as crianças tocando violão e dançando, ficou grudada em mim".
Em 2007 veio o segundo disco. "Neon Bible", foi aguardado com ansiedade e consagrou a superbanda (são sete os integrantes).
O ingresso repentino no mundo pop parece não ter surtido efeito por enquanto: "Ainda não estivemos no 'mundo lá fora'. Estou curioso para ver. Não sei se vai mudar".
"The Suburbs" trouxe o reinado também no "mainstream". Figurou na lista dos 200 álbuns mais vendidos da Billboard e colocou o Arcade Fire numa lista de vencedores ao lado de Dixie Chicks, U2 e Herbie Hancock.
A questão agora é saber se a consagração vai alterar a qualidade da banda. "Não estou nem um pouco preocupado. Seria chocante se nos mudasse negativamente. É possível, mas somos bastante realistas", diz.
Prestes a fazer seu maior show --no Hyde Park para 60 mil pessoas, no dia 30 de junho, em Londres-- os planos da banda permaneceram inalterados.
Foram ao Haiti, terra dos pais da violinista Régine Chassagne, no final de março, onde fizeram show no último dia 29 "porque seria rude sermos músicos canadenses e não tocar lá", segundo Kingsbury. A banda doa dinheiro a uma ONG que faz serviços sociais no país.
Quanto ao próximo trabalho, ele foi direto: "O sonho é lançar um disco que não demore três anos para sair. Mas vai demorar o tempo que tiver de demorar. Queremos focar a música e fazê-la bem", afirmou.

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